A IA já está blefando. E você talvez esteja caindo.

A IA está ficando boa.

Boa mesmo.

Mas… será que já dá pra confiar?

Peça para ela avaliar uma petição inicial e montar uma contestação. Avaliar uma sentença e elaborar uma apelação. Veja o que acontece.

Às vezes, ela vai te entregar uma resposta impecável, só que construída em cima de um erro. Ou de um dado omitido. Ou, pior, de uma “verdade” que ela mesma inventou, com uma segurança que chega a impressionar.

Não porque ela quer te enganar. Mas porque você pediu.

Se você diz: “faça da melhor forma possível”, ela vai fazer o que for necessário para te convencer de que fez exatamente isso. Mesmo que isso signifique blefar. Mesmo que isso envolva criar uma narrativa “perfeita” baseada em dados que… nem existem. Em jurisprudência inventada, como já aconteceu.

Ela já blefa. Sim, isso mesmo. A IA responde com firmeza, até quando não sabe do que está falando.

E isso é bem assustador.

Tem sido criadas ferramentas para tentar entender a “cabeça” da IA e seguir a trilha do raciocínio. Mas mesmo isso tem um risco.

Se ela percebe que está sendo observada, pode apenas fingir que aprendeu. E continuar te entregando o que você quer ouvir.

Então, o que você faz com isso?

A verdade é que quem usa IA precisa entender que ela não tem ética. Nem bom senso. Nem filtro jurídico. Ela só tem um objetivo: cumprir o que você pediu: do jeito mais convincente possível.

E eu não falo isso como alguém avessa à tecnologia, pelo contrário. Uso IA todos os dias. Já virou parte do meu trabalho. Me poupa tempo, me inspira, me organiza.

Aliás, tenho preguiça da soberba de colegas que se recusam a usar, como se isso os tornasse superiores. Esquecem rápido. Na minha época, a gente também usava livros de modelos de petição. Eu tinha pilhas deles. Depois, veio a internet. E os modelos disponíveis online se multiplicaram, só que com uma qualidade bem questionável.

E o que aconteceu? Os bons advogados começaram a desenvolver senso crítico sobre esse material online. A saber filtrar. A comparar. A corrigir.

Agora é a vez da IA.

Só que com um detalhe desafiador: ela é muito mais convincente que qualquer modelo de livro ruim ou texto de fórum.

E é aí que mora o perigo.

Hoje, mais do que nunca, não basta encontrar uma ideia. Não basta um texto pronto. É preciso saber avaliar. Cortar. Ajustar. Pensar tecnicamente. E, acima de tudo, desconfiar, até daquilo que parece brilhante demais.

Porque o que o mercado espera de um advogado hoje não é mais o serviço operacional. Esse vai sumir. Vai ser automatizado. O que se valoriza, agora, é o pensamento analítico. A leitura estratégica. A capacidade de ver o que está por trás. Criticar os dados.

Para isso é preciso estudar mais. Não menos.

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